segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O rescaldo

Por Camila Boff

Passada uma semana das eleições presidenciais já podemos destacar os últimos suspiros da cobertura eleitoral. Na segunda-feira o programa Roda Viva da TV Cultura convidou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para falar, aparentemente, do que seria o governo da petista Dilma Rousseff. No entanto a pauta desandou para cobranças e julgamentos do Mensalão do governo Lula.

Zé Dirceu deve ter ficado os últimos cinco anos esperando pela oportunidade de irritar jornalistas. E conseguiu – a comandante Marília Gabriela parecia uma criança contrariada. Fica a lição que políticos são, em sua maioria, inteligentes – para o bem ou para o mal. E jornalista não tem que querer aparecer com pergunta difícil.




A parte dois do rescaldo fica por conta da edição especial da revista Veja dedicada completamente à presidente eleita - vale ler o conteúdo especial online. Para quem conhece a linha editoral da revista, ficou a impressão de que terceirizaram uma equipe para escrever o suplemento: elogios em letras garrafais e desejo de “um bom começo” só para citar o editorial. Passado o mal estar da sai justa, a capa desta semana é dedicada ao filme Tropa de Elite 2, que por sinal veio bem a calhar – a pauta já caía de madura e evita ter que falar da vitória dos adversários.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A que ponto chegaram


Por Camila Boff

Quem precisou acompanhar os atos de campanha desta eleição torceu para esta segunda-feira chegar. Quem não tem obrigação profissional ou um grande envolvimento partidário já havia abandonado o barco há tempo. Tudo culpa do baixo nível que os dois lados alcançaram, com direito a lenha na fogueira por conta da imprensa.

Um dos atos foi protagonizado pela revista Veja, que se acha poderosa ao ponto de classificar o trabalho dos colegas: para ela o jornalismo da Globo é bom e o do SBT é mau. O que causou a categorização foram as reportagens das duas emissoras sobre o episódio do objeto voador não-identificado que atingiu a cabeça de José Serra em uma caminhada de campanha. A Globo recrutou o perito Ricardo Molina para analisar as imagens, em contraponto à reportagem do SBT. Aliás, esse deve ser o único profissional da área – analisa desde agressões a presidenciáveis até supostos extraterrestres. Na edição desta semana, a revista teve que publicar uma nota do SBT que explica o tratamento que emissora realmente deu ao fato – e que foi ignorada pelo periódico. 

O debate do segundo turno da Globo foi uma das tentativas que forçou um discurso superior na imprensa. O diálogo era com eleitores teoricamente indecisos (apesar de um deles ter aplaudido de pé José Serra e outro ser cientista político – se um especialista não consegue decidir, nós, leigos, estamos perdidos!). Isso obrigou Dilma e Serra a apresentarem suas propostas a partir das histórias de personagens reais.

No fim, a esperada segunda-feira ainda trouxe resquícios do baixo nível da campanha, tendo como exemplo maior o caso da paulista que queria afogar os nordestinos. Sinal de que todos, jornalistas, candidatos e eleitores se envolveram na batalha. Resta saber se a patrulha vai continuar. A acompanhar.